Pular para o conteúdo principal

Diário de prática docente e a luta antirracista

Isso de ser professora mexe muito comigo. Mesmo que passe apenas três horas por semana com meus alunos, em uma turma regular, sinto um carinho imenso por eles. Penso sempre neles e no que possa os interessar. Adoro acompanhar as suas conquistas e o processo de aprendizagem. Mais que isso: adoro conhecer as pessoas extraordinárias que eles são. Mathias é um dos meus alunos queridos deste semestre, "l'un des chouchoux de la maîtresse". Ele escreveu este lindo texto de reflexão sobre a época em que vivemos. Mais que recomendar a leitura, recomendo que sigam este escritor maravilhoso: 


Aproveitei a aula de quarta, após sugerir aos alunos a leitura em casa do texto do colega de classe, para passar um vídeo do Brut, Une vie : Aimé Césaire. Isso na minha turma de módulo 1 do francês. Sim! É possível, desde o início do ensino-aprendizagem do FLE, inserir na aula documentos autênticos ligados a assuntos atuais e/ou de interesse dos alunos. Assuntos vitais para nossa vida em sociedade, para que os alunos percebam que a aprendizagem de uma nova língua estrangeira está também ligada aos aspectos da vida deles aqui, no nosso contexto brasileiro. Aimé Césaire, o inventor da negritude, é de grande importância na formação de cidadãos antirracistas. 

Para mim, não basta ser professora e ensinar a língua que amo e que escolhi ensinar. Considero fundamental contribuir para a formação de cidadãos antirracistas. E contribuo como posso, encontrando brechas no livro didático e abrindo janelas para as questões que circundam a sala de aula. Espero conseguir ir sempre além. E espero que meus alunos estejam ao meu lado nessa luta.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

(Au) Revoir la salle de classe

 Durante toda a minha graduação em Letras, eu tive pânico de escola e de sala de aula. Minha experiência como aluna do ensino médio foi muito ruim. Simplesmente não conseguia me imaginar como professora. Na época da faculdade, eu já dava aulas particulares (de português, de francês e de redação) há um certo tempo, mas a gestão de turmas e de conteúdos não estava no meu horizonte profissional. Ao mesmo tempo, eu me apaixonava cada vez mais pela tradução e pela linguística do texto e do discurso. Em 2013, eu me formei e comecei a trabalhar como revisora de textos em uma empresa. Dois anos depois, em 2015, eu me mudava de empresa e vislumbrava um crescimento profissional significativo na área de revisão de textos. No entanto, em algum momento em 2016, eu passei a sentir um vazio profissional. Eu passava longas horas do meu dia imersa em textos e no silêncio. Sentia que faltava uma troca, uma vivência profissional que o texto não poderia me proporcionar. Sentia que faltava o Outro....

Mestra em Letras!

A experiência do mestrado foi, sem dúvida, uma das mais intensas da minha vida até o momento. Envolvi-me não somente com a pesquisa, como é exigido para a pós-graduação, mas também com o ensino na graduação e com a extensão universitária. Tudo isso sem deixar de participar dos grupos de pesquisa da USP, dos trabalhos de preparação e revisão de livros e do ensino do francês na Aliança Francesa.  O que considero de fundamental importância no meu percurso acadêmico, sobretudo na USP, foram as pessoas que eu conheci: - as que convivi mais intimamente e que se tornaram grandes amigos; - as que me procuraram nos intervalos dos congressos para trocar uma ideia sobre nossos temas de pesquisa;   - as que passaram os intervalos comigo no café da Tia Bia; - as que trabalharam comigo, dentro e fora da USP; - as que me acolheram em São Paulo. Elas eram colegas de curso, professores e alunos de graduação. Eram as pessoas que marcavam comigo viagens para congressos, saídas, reuniões. Todas e...

Um passeio pela USP (dois anos e 3 meses após o início da pandemia)

 Fora toda a dificuldade e angústia que todos nós sentimos ao longo da pandemia e as perdas de entes e amigos queridos, cada um teve também perdas materiais e experienciais. A maior dessas últimas, para mim, foi ter realizado a defesa da minha dissertação on-line.  Sempre imaginei como seria a defesa da minha dissertação: cercada das pessoas que gosto, vestida com uma roupa bem bonita e escolhida com muito cuidado para a ocasião. No intervalo, beberia um café e uma água com gás e aproveitaria para tentar relaxar jogando conversa fora, na porta do prédio administrativo da FFLCH. Quem sabe não teria alguém tocando aquele piano maravilhoso do saguão? Poderia estar sol ou chuva, mas nada disso iria importar, porque, ao final, todos iríamos nos reunir em um lugar bem bacana para celebrar a minha conquista. Seria um momento realmente memorável. Provavelmente, eu iria esquecer de tirar fotos, porque nunca lembro mesmo, mas talvez tivesse alguma para guardar de recordação. Em todo cas...

Formulário de contato

Nome

E-mail *

Mensagem *